Uma ação policial de grande magnitude foi deflagrada nesta sexta-feira para desmantelar uma intrincada rede de extorsão e golpes que operava a partir da Galeria C do Presídio Regional de Pelotas (PRP), no Sul do Rio Grande do Sul. Denominada “Operação A Firma”, a operação envolveu uma série de ações coordenadas que resultaram na prisão de 85 pessoas, incluindo 57 detentos que já cumpriam pena na unidade prisional e 28 indivíduos que estavam em liberdade.
A investigação, liderada pela 2ª Delegacia de Polícia de Pelotas, revelou um esquema sofisticado de extorsão conhecido como "golpe dos nudes". O modus operandi começava com criminosos que utilizavam perfis falsos de jovens atraentes em redes sociais e WhatsApp para atrair vítimas. Esses perfis eram usados para estabelecer conversas de cunho sexual e solicitar imagens íntimas. Posteriormente, um cúmplice se passava por um suposto parente da "jovem", alegando que ela era menor de idade e ameaçando denunciar a vítima por pedofilia, a menos que um pagamento fosse feito.
O esquema envolvia uma rede de golpistas que, além dos intermediários que atuavam como falsos parentes, incluía outros membros que se passavam por autoridades como delegados e advogados, exigindo valores adicionais para “ajudar” a vítima a evitar problemas legais. Em menos de 40 dias, foram identificadas 700 manobras de extorsão, afetando mais de 500 vítimas não só no Brasil, mas também na Alemanha, Jamaica e Portugal.
Os valores extorquidos superaram R$ 700 mil, sendo que cerca de 20% desse montante era destinado à cúpula da facção criminosa. Esse dinheiro era lavado através de contas bancárias de laranjas, tanto no Brasil quanto no exterior, para evitar rastreamento. O restante do valor era dividido entre os detentos que participavam diretamente da fraude, utilizando as imagens íntimas das vítimas para pressionar ainda mais por pagamentos.
Além das prisões, a operação incluiu o cumprimento de 65 mandados de busca e apreensão, a indisponibilidade de oito imóveis, o sequestro de cinco veículos e o bloqueio de contas bancárias de todos os investigados. A Polícia Civil também descobriu que dentro do PRP existia um “mercado interno” controlado pela facção, onde celulares eram vendidos por até R$ 15 mil, enquanto carregadores e fones de ouvido eram comercializados por R$ 3 mil e R$ 1 mil, respectivamente.
A quadrilha estava dividida em quatro núcleos principais: um grupo de lideranças externas que coordenava as atividades, os extorsionários detidos na Galeria C, os laranjas que alugavam suas contas bancárias para a facção e, por último, os familiares dos presos que transportavam o dinheiro para dentro do presídio durante as visitas.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Correio do Povo
Foto: Polícia Civil
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